
A Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (ITF) expressou seu profundo pesar pelo falecimento do Papa Francisco, a quem descreveu como “uma voz corajosa pela justiça, dignidade e paz“.
A organização sindical internacional, que representa milhões de trabalhadores do transporte em todo o mundo, incluindo os do setor de aviação civil, enfatizou seu compromisso com os direitos trabalhistas e sua proximidade com o movimento sindical, conforme relata o Aviacionline.
A organização destaca que, desde suas origens na Argentina até sua liderança no Vaticano, Jorge Mario Bergoglio manteve uma conexão constante com as lutas dos trabalhadores. De acordo com a ITF, o pontífice defendeu ativamente o direito dos trabalhadores de se organizarem, negociarem coletivamente e viverem livres de exploração.
Em sua declaração oficial, a federação observou que “em um mundo marcado pela desigualdade, guerra e divisão, sua clareza moral e compaixão farão muita falta“. Segundo a ITF, o Papa se destacou por construir pontes “entre nações, crenças e povos” e por ser “um homem de paz e convicção, que falava francamente diante do poder e lembrava aos que estavam no poder que o valor de uma sociedade é medido pela forma como ela trata os mais vulneráveis“.
Colaboração com o Vaticano
A ITF lembrou ter tido a oportunidade de colaborar com o Papa Francisco em várias iniciativas destinadas a promover o trabalho decente, combater a exploração laboral e reafirmar a dignidade dos trabalhadores em todas as cadeias de abastecimento globais.
Entre esses encontros, destacam-se dois fóruns realizados no Vaticano: um em 2019, no qual sindicatos, empregadores e representantes da Igreja se reuniram para discutir reformas urgentes nos sistemas de produção globais; e outro em 2022, com foco em desafios relacionados à tecnologia, justiça climática, tráfico de pessoas, corrupção e responsabilidade corporativa.
Em ambas as ocasiões, segundo a ITF, o Papa deixou claro que os direitos dos trabalhadores e a luta contra a escravidão moderna são questões morais que devem ser prioridade na agenda internacional.
O presidente da ITF, Paddy Crumlin, disse: “O Papa Francisco entendeu que o diálogo não se resume a palavras, mas sim a ouvir e depois agir. Sua liderança ajudou a elevar a dignidade do trabalho como um imperativo moral, não apenas econômico.”
“Em cada encontro, o Papa Francisco nos lembrou que a luta pelos direitos dos trabalhadores é uma luta pelos direitos humanos. Ele nos instou a continuar desafiando as estruturas que desvalorizam o trabalho e recompensam a ganância. Deu legitimidade e urgência à nossa luta compartilhada, e o fez com um compromisso inabalável com a paz, a solidariedade e o bem comum”, acrescentou.
Por sua vez, o secretário-geral da ITF, Stephen Cotton, enfatizou que:
“O Papa Francisco se manteve firme ao lado dos trabalhadores durante todo o seu pontificado. Ele compreendeu as reais consequências da injustiça e da desigualdade, e usou sua plataforma global para responsabilizar os que estavam no poder. Sua relação com os sindicatos baseava-se em um propósito comum: construir um mundo onde cada trabalhador seja tratado com dignidade e onde a paz, seja buscada por meio da justiça.”
Ligação com a Argentina
A ITF envia suas condolências a todos aqueles que lamentam seu falecimento, com menção especial às suas organizações afiliadas na Argentina, país natal do Papa Francisco, com quem ele manteve um relacionamento próximo desde cedo.
Segundo a federação, a liderança moral do pontífice reforçou a importância de sindicatos fortes, da cooperação internacional e da responsabilidade compartilhada pelo futuro da humanidade.