
Uma situação inesperada acontece nos céus do Afeganistão, onde o espaço aéreo controlado pelo Talibã se tornou uma rota alternativa para companhias aéreas internacionais que buscam evitar áreas de conflito no Oriente Médio, especialmente após os recentes ataques do Irã a Israel. Com o aumento do número de voos atravessando essa região, o regime talibã está vendo uma nova fonte de receita.
Na última quinta-feira, 191 voos internacionais aram pelo espaço aéreo afegão, estabelecendo um recorde desde que os talibãs assumiram o controle do país em agosto de 2021. As companhias aéreas estão pagando cerca de US$ 700 por voo ao Ministério da Aviação Civil do Afeganistão, o que representa um influxo significativo de receitas em um regime que enfrenta dificuldades financeiras.
O fluxo de voos começou a aumentar após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, e a situação se intensificou com o lançamento de quase 200 mísseis balísticos pelo Irã, forçando as companhias a evitar sobrevoar o espaço aéreo iraniano.

Como relata o Independent, dados de plataformas de rastreamento de voos como Radarbox e FlightRadar24 indicam um crescimento notável na quantidade de voos, que disparou 20% na terça-feira, quando os ataques começaram, e continuou a crescer, alcançando 191 na quinta.
Companhias aéreas renomadas como Swiss Air, Finnair, Singapore Airlines, British Airways e Lufthansa estão retornando aos céus do Afeganistão. A utilização do espaço aéreo afegão, que até então era vista como insegura, ou a ser considerada uma alternativa mais segura para as linhas aéreas.
As preocupações com a segurança são amplas, especialmente após incidentes ados em que aeronaves civis foram abatidas em zonas de conflito, como o caso do voo MH17 derrubado sobre a Ucrânia.
No entanto, especialistas acreditam que os voos a altitudes elevadas na região afegã, aproximadamente 35.000 pés, têm uma baixa probabilidade de serem alvo de mísseis, especialmente considerando que grupos terroristas no Afeganistão não possuem capacidades avançadas para tal.
Ainda que as receitas provenientes das taxas de sobrevoo sejam modestas em relação ao total de renda do Talibã — estimada em cerca de US$ 1,3 bilhão para o período de março a agosto deste ano —, a continuidade de voos nesse ritmo pode render cerca de US$ 50 milhões anuais ao regime. Este aumento na atividade aérea pode também oferecer algum alívio à economia afegã, que tem enfrentado um colapso desde a retomada do Talibã ao poder.