
Um grupo conservador americano entrou com uma ação judicial contra a United Airlines para exigir a entrega de documentos internos sigilosos relacionados à decisão da companhia de suspender voos para Tel Aviv, em Israel. A alegação central é de que a suspensão teria sido influenciada por pressões políticas e ideológicas do sindicato dos comissários de bordo, e não apenas por motivos de segurança.
Embora a United justifique a suspensão dos voos por questões de segurança, em razão dos frequentes ataques com foguetes e mísseis balísticos na região de Tel Aviv, o grupo National Center for Public Policy Research teme que a decisão tenha sido tomada sob influência da Associação dos Comissários de Bordo (AFA-CWA), que teria uma postura crítica ao Estado de Israel.
A entidade conservadora, que é acionista da United, solicitou oficialmente a inspeção de documentos internos para tentar comprovar essa suspeita. O pedido, contudo, foi recusado duas vezes pelos advogados da companhia aérea, conforme detalha o PYOK.
Diante da recusa, o grupo entrou com um processo em um tribunal do estado de Illinois, onde a United tem sua sede, para obrigar a empresa a fornecer os documentos. A ação judicial acusa o sindicato dos comissários de “influência indevida” e aponta para uma possível “conluio ilegal” com a Turkish Airlines para restringir voos para Israel.
No documento apresentado ao tribunal, o grupo afirma que “sindicatos internos e pressões políticas motivadas por ideologias influenciaram indevidamente a decisão de suspender os voos para Tel Aviv, ignorando considerações comerciais objetivas e prejudicando o valor para os acionistas.”
O National Center destaca ainda que, em fevereiro, a United itiu ter consultado os sindicatos que representam pilotos e comissários antes de retomar temporariamente os voos para Tel Aviv. Para o grupo, isso indica um nível de influência incomum dos sindicatos em uma decisão que normalmente seria exclusiva da diretoria da empresa.
O processo também cita diretamente a presidente do sindicato dos comissários, Sara Nelson, acusando-a de “fazer declarações públicas que incentivam ações políticas contra Israel e alinham a entidade com movimentos pró-BDS e pedidos de cessar-fogo.”
De acordo com a denúncia, Nelson e a liderança da AFA-CWA teriam exercido uma pressão constante sobre a gestão da United para isolar economicamente e politicamente Israel.
Histórico de suspensões e retomadas
A United suspendeu os voos para Tel Aviv imediatamente após o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023. A companhia foi a primeira entre as americanas a retomar as operações, em março de 2024, mas a retomada durou pouco devido a um ataque de drone iraniano.
Em maio, os voos voltaram a ser realizados, mas foram suspensos novamente em agosto após a escalada de tensões entre o Hezbollah, no Líbano, e Israel. Depois de um acordo de cessar-fogo mediado pelo ex-presidente Donald Trump, em março de 2025, a United retomou os voos, mas suspendeu pela quarta vez em maio após um míssil balístico atingir a área do Aeroporto Ben Gurion.
Em nota, a Associação dos Comissários de Bordo afirmou que seu foco é exclusivamente a segurança das equipes em qualquer destino. “A nossa atuação junto à istração das companhias aéreas, independentemente do destino, é voltada para a segurança dos comissários de bordo. Qualquer outra alegação é infundada e delirante”, declarou o sindicato.
Implicações legais e críticas públicas
A United está registrada em Delaware, um estado com fortes proteções legais para empresas, o que pode dificultar o o a documentos internos, apesar do processo estar em Illinois.
Além disso, a United já enfrentou outras críticas. Em agosto de 2024, o congressista democrata Ritchie Torres, de Nova York, acusou a companhia, junto com American Airlines e Delta, de “boicotar” Israel devido às suspensões prolongadas dos voos.
Torres escreveu ao CEO Scott Kirby pedindo que as companhias sejam proibidas de discriminar o país, ressaltando que suspensões temporárias por segurança são aceitáveis, mas paralisações indefinidas configuram boicote.
Próximos os
A United planeja retomar seus voos para Israel no início de junho. Enquanto isso, a Delta já reiniciou suas operações entre Nova York (JFK) e Tel Aviv.
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