A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) ordenou a suspensão de todos os voos da Rede Postal Noturna (RPN) operada pelos Correios.
A decisão ocorre após a constatação do descumprimento das normas de segurança no transporte de itens com baterias de lítio — principal hipótese para o incêndio ocorrido a bordo de um Boeing 737-400F da Total Linhas Aéreas (Total Cargo) em novembro do ano ado. O incidente forçou os pilotos a realizarem um pouso de emergência, com evacuação na pista, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Segundo o portal UOL, a medida da ANAC entra em vigor oficialmente em 4 de junho, mas já vem sendo aplicada parcialmente. Isso se deve ao fato de grande parte das rotas da RPN estarem suspensas por inadimplência dos Correios com as companhias aéreas, conforme o AEROIN tem reportado com exclusividade nas últimas semanas.
Apuração do AEROIN também indica que os Correios só alteraram seus procedimentos internos após o acidente. Atualmente, qualquer item encaminhado por transporte aéreo a por inspeção em equipamento de raio-X — medida que não era adotada anteriormente, mesmo diante do claro risco à segurança da aviação civil.
Um exemplo prático é o envio de um laptop realizado por um membro da nossa equipe no ano ado. O equipamento, com bateria de lítio removível, foi despachado com a bateria separada, devidamente sinalizada e declarada conforme o manual da IATA para transporte de cargas perigosas. No entanto, em novo envio feito em março deste ano, a partir de Vitória (ES), o próprio site dos Correios indicou que a encomenda teria o trajeto alterado devido à presença de “objeto com conteúdo ou com limitação para transporte aéreo“.
A decisão da ANAC, somada às evidências recentes, reforça que os Correios não demonstraram preocupação efetiva com a segurança aérea, colocando em risco a vida de pessoas e de diversas aeronaves — mesmo sendo uma empresa estatal com histórico de operação da Rede Postal Noturna.
