
Uma série de documentos recém-divulgados levantou sérias questões sobre a transparência da Boeing em relação à segurança de seus aviões 737 MAX à época dos acidentes que deixaram centenas de vítimas entre 2018 e 2019, revelando que a companhia pode ter ocultado informações cruciais dos pilotos etíopes antes do segundo acidente fatal da aeronave em 2019. 566x4s
O juiz do Tribunal de Distrito dos EUA, Reed O’Connor, programou uma audiência para as 9h da manhã da próxima sexta-feira, 11 de outubro, no Distrito Norte do Texas em Fort Worth, para analisar as objeções das famílias das vítimas ao que elas chamam de um acordo judicial “favorável” proposto pelo Departamento de Justiça (DOJ).
Durante a audiência, as famílias das 346 vítimas que perderam a vida nos dois acidentes do 737 MAX buscarão contestar as condições do acordo. O apelo recebido ganhará e com a divulgação de que, em 2018, antes do acidente da Ethiopian Airlines que ocasionou a morte de 157 pessoas, altos executivos da Boeing não responderam a perguntas feitas pela Ethiopian Airlines sobre como reagir à ativação de um novo sistema de controle de voo chamado MCAS, que se revelou problemático.
De acordo com o jornal The New York Times, esses e-mails, que não foram disponibilizados aos investigadores do Congresso dos EUA, indicam que a falta de informações adicionais provavelmente contribuiu para a incapacidade dos pilotos de manobrar a aeronave em uma situação crítica.
A matéria destacou a frustração das famílias com a postura da Boeing em relação as questões de segurança, com Naoise Connolly Ryan, esposa de uma das vítimas, criticando a empresa por reter informações essenciais. “É criminal – isso poderia ter evitado o acidente da Ethiopian”, comentou ela, questionando a investigação do DOJ sobre o caso.
Após os dois acidentes, a Boeing enfrentou uma investigação criminal do DOJ, resultando em um Acordo de Prosecução Diferida (DPA) em janeiro de 2021, para resolver acusações de conspiração para enganar a istração Federal de Aviação (FAA) sobre a segurança do 737 MAX. Recentemente, o DOJ descobriu que a Boeing violou o Acordo, citando problemas como uma falha em um no ar em janeiro de 2024 em um Boeing 737 MAX operado pela Alaska Airlines.
Em julho, a Boeing concordou em se declarar culpada pela conspiração para fraudar a FAA, e um acordo de confissão foi apresentado ao juiz O’Connor. As famílias, abrangidas pela Lei dos Direitos das Vítimas de Crimes, contestaram o acordo, alegando que ele não reconheceu as fatalidades e não responsabilizou a Boeing pelos danos causados.
Paul Cassell, advogado das famílias, ressaltou que as informações divulgadas confirmam as alegações de que a Boeing ocultou problemas de segurança, priorizando a proteção de suas operações financeiras em detrimento da segurança dos ageiros. Ele destacou que “a Boeing colocou a continuidade de sua conspiração de ocultação à frente da segurança dos ageiros, resultando na morte de todos a bordo”.
Os advogados das famílias pedirão ao juiz O’Connor que não aceite o acordo do DOJ e que coloque os executivos da Boeing em julgamento, buscando descobrir a verdade completa em nome das vítimas e do público viajante. Membros das famílias das vítimas, incluindo do exterior, são esperados na audiência marcada para sexta-feira às 9h (CST) no tribunal federal de Fort Worth, Texas.