
O modelo de baixo-custo (low-cost) em companhia aéreas, criado nos EUA e em uso em vários países, não funcionaria no Brasil, segundo o CEO da Azul Linhas Aéreas. A afirmação foi dada por John Rodgerson, executivo que está na Azul desde a sua fundação, há quase 15 anos, e antes estava na JetBlue, junto de David Neeleman.
Ambas as empresas começaram no modelo low-cost, onde o foco é a redução de custos que incluem simplificação de frota, homogeneidade de serviços, foco no atendimento on-line e foco da malha direcionado para rotas ponto a ponto.
Vale lembrar que o modelo low-cost não é fechado e o seu criado, Herb Kelleher da Southwest Airlines, nunca definiu parâmetros exatos para a sua adoção tendo, portanto, constante evolução e adaptações. Também existe o modelo ultra-low-cost que é mais pesado na redução de custos e tem sempre serviço mínimo ao cliente, com vários extras cobráveis.
Por outro lado existe o termo low-fare, que são tarifas mais baixas aos ageiros, oriundas dos dois modelos de low-cost. No entanto, se uma companhia opera no conceito low-cost, não significa necessariamente que ela ofereça tarifas mais baixas.
No Brasil, a GOL foi, de fato, a primeira low-cost com forte inspiração no modelo da Southwest no início, e foi evoluindo para seu próprio modelo de negócio, de acordo com a realidade brasileira. Outra que vale citar é a Webjet, com foco inicial em todo o processo de venda on-line para reduzir custos.
De fato, hoje, nenhuma empresa aérea brasileira se aproxima muito das low-costs americanas e europeias, tanto em nível de serviço como também em tarifas consistentemente mais baixas. E isto foi uma das perguntas que o jornal O Globo fez ao CEO da Azul.
Para John Rodgerson, o principal motivo é o chamado Custo Brasil, um mix de combustível alto, moeda fraca e excesso de judicialização que, segundo ele, o país concentra 90% dos processos contra aéreas no mundo, mesmo sendo responsável por 3% dos voos globais.
“Se uma low cost vem aqui e o Santos Dumont fecha, ela é responsável por todos os custos (de acomodação de ageiros e judiciais). Acho que o modelo low cost não funcionaria no Brasil neste momento”, afirma o John.
Para o executivo a maior prova de que o modelo não é viável no país é que, com o fim da franquia gratuita de bagagem despachadas e permissão para que uma empresa tenha 100% de capital estrangeiro, não surgiu nenhum companhia nova, mesmo antes e depois da pandemia, com vários cenários no país.
John finaliza dizendo que isso prejudica as pessoas mais pobres do Brasil: “Quem sai perdendo é o Brasil, é a classe C, porque a tarifa média tem que ser mais cara”.