
A indústria japonesa está contemplando a ambição de desenvolver um novo avião comercial, porém com uma consciência clara dos riscos associados a um projeto dessa magnitude.
Como informou o FlightGlobal, as fabricantes de nível 1 do país sofreram um golpe considerável com a falha do Mitsubishi SpaceJet, que não conseguiu entrar em produção e foi finalmente descontinuado em 2023, após anos de desafios e atrasos, conforme indicado por uma fonte familiarizada com as ambições aeronáuticas do Japão.
Apesar das desilusões anteriores, a indústria japonesa e o Ministério da Economia, Comércio e Indústria (METI) começaram a discutir como integrar a tecnologia e o know-how japoneses em uma nova aeronave. O governo de Tóquio está preparado para investir cerca de 5 trilhões de ienes (31 bilhões de dólares) neste esforço.
Em março, a Japan Aircraft Development Corporation (JADC) apresentou uma nova estratégia nacional para a indústria aeroespacial, sublinhando a falta de exposição das principais empresas do setor, como Mitsubishi Heavy Industries (MHI), Kawasaki Heavy Industries e ShinMaywa, no segmento crescente de aviões narrowbody.
Historicamente, essas empresas têm sido players importantes nos programas de widebody da Boeing. A JADC expressou a ambição de lançar um novo avião comercial na década de 2030.
O METI acredita que a demanda por aeronaves narrowbody nos mercados em desenvolvimento pode levar a uma migração de trabalho industrial aeroespacial para novos mercados, em detrimento da indústria japonesa. O ministério enfatizou a necessidade de capitalizar as lições aprendidas com a experiência do SpaceJet.
Hiroyuki Koguchi, vice-presidente sênior da MHI, compartilhando a cautela da indústria, afirmou que “o momento ainda não é apropriado para comprometer-se com um novo programa”.
Um dos desafios que a indústria enfrenta será convencer os acionistas das empresas japonesas listadas a apoiar a ideia de um novo e caro avião comercial. A MHI, por exemplo, investiu cerca de 1 trilhão de ienes no SpaceJet, que anteriormente era conhecido como Mitsubishi Regional Jet (MRJ).
Outro desafio a ser considerado é que as empresas aeroespaciais japonesas estão projetadas para destinar recursos cada vez maiores ao setor de defesa, à medida que Tóquio expande suas capacidades militares para contrabalançar a crescente militarização da China.
Empresas-chave, como a MHI e a divisão aeroespacial da IHI, estão dedicando recursos a iniciativas como o Programa Global de Combate Aéreo em parceria com a Itália e o Reino Unido, o que compromete ainda mais os recursos disponíveis para um potencial programa de nova aeronave civil.