
Em um acidente marcante nos primórdios de 2024, uma série de erros humanos foi a causa principal da colisão entre uma aeronave da Guarda Costeira do Japão (JCG) e um avião de ageiros da Japan Airlines (JAL) no movimentado Aeroporto de Haneda, em Tóquio.
Em um relatório preliminar de 158 páginas, divulgado pela Japan Transport Safety Board, foram detalhadas as falhas que culminaram na tragédia em solo japonês.
O relatório, publicado na quarta-feira, revelou que tanto o piloto quanto o copiloto da aeronave da JCG acreditavam incorretamente que tinham autorização para entrar na pista. Uma falha crítica adicional ocorreu quando os controladores de tráfego aéreo não perceberam a presença da aeronave da JCG na pista, enquanto o voo da JAL, em aproximação para pouso, só notou a outra aeronave já na iminência da colisão.
O acidente, ocorrido por volta das 17h47 do dia 2 de janeiro, resultou no incêndio de ambas as aeronaves.

Milagrosamente, todos os 379 ageiros do voo JAL sobreviveram. Infelizmente, dos seis ocupantes da aeronave da JCG, apenas o comandante, que sofreu queimaduras graves, sobreviveu. A missão da JCG era transportar suprimentos de socorro para a Península de Noto, na Prefeitura de Ishikawa, após um terremoto ocorrido em 1º de janeiro de 2024.
Um cenário complexo de comunicação e percepção errônea se desenrolou no aeroporto. A Torre de Controle comunicou ao avião da JCG que era o “número 1”, indicando que seria a próxima a decolar, apesar disso, havia outras aeronaves à frente no caminho de táxi. Esse fato levou o piloto da JCG a acreditar que sua decolagem havia sido priorizada pela missão urgente.
Quando a Torre instruiu o avião da JCG a parar em um ponto de espera, a comunicação interna da tripulação preparou o cenário para a confusão subsequente. O copiloto confirmou corretamente a instrução, mas o piloto, apressado pelo atraso de 40 minutos no voo, captou equivocadamente a mensagem.
A série de lapsos não parou por aí. A atenção do controlador de tráfego aéreo foi desviada para outras aeronaves que estavam chegando e partindo, além de ser interrompida por outro controlador buscando informações sobre intervalos de chegada, perdendo assim a entrada da aeronave da JCG na pista. Isso foi agravado por um alerta de ocupação de pista que soava há cerca de um minuto, porém, não foi percebido.
Visibilidade limitada e condições de luz também contribuíram para o desastre iminente. O acidente ocorreu no crepúsculo, logo após o pôr do sol, sem nenhuma luz da lua para ajudar na visibilidade. As luzes externas da aeronave da JCG, posicionadas em sua cauda, eram difíceis de detectar à distância.
Após o impacto, foi a atuação disciplinada da tripulação e dos ageiros da JAL que impediu uma tragédia ainda maior, levando à evacuação segura mesmo com o avião em chamas. Este exemplo de calma e treinamento apropriado salvou centenas de vidas e foi amplamente reconhecido tanto pelos sobreviventes quanto pelos especialistas em aviação.
À medida que o relatório final é aguardado, a indústria da aviação está focada em aprender com esses erros para prevenir futuras catástrofes.