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E-99, A-29, Black Hawk e drones intensificam vigilância aérea e interceptação contra garimpo ilegal na TIY 2x1hp

Aeronave E-99 – Imagem: Força Aérea Brasileira

Com tecnologia de ponta e vigilância constante, o Governo Federal realiza monitoramento aéreo na Terra Indígena Yanomami, capaz de identificar rotas e pilotos do garimpo ilegal, desmontar a logística de voo e provocar uma redução histórica de 94% da atividade na região. 44a2l

Quando um avião ligado ao garimpo ilegal decola de uma pista clandestina na Amazônia, ele é monitorado graças ao uso integrado de radares, sensores de imagem e, principalmente, da aeronave E-99, o avião-radar da Força Aérea Brasileira (FAB). Graças a essa tecnologia, as rotas, os padrões de voo e os pilotos suspeitos já estão mapeados pelas equipes de inteligência.

O sistema permite à FAB identificar movimentações suspeitas em solo ou em baixa altitude, mesmo quando as aeronaves tentam operar abaixo da cobertura dos radares convencionais. A vigilância aérea é contínua e a reação, imediata: qualquer indício de tráfego não autorizado pode resultar na interceptação por caças A-29, que seguem protocolos rigorosos de interdição.

A-29B Super Tucano

A coordenação dessa estrutura está agora sob o comando do Tenente-Brigadeiro do Ar Alcides Teixeira Barbacovi, novo chefe do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE). Oficial de alta patente da Força Aérea Brasileira, Barbacovi possui mais de 3.600 horas de voo, com ampla experiência em aviação de caça, operações conjuntas e controle do espaço aéreo.

Antes de assumir o COMAE, comandou o DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e foi chefe do Estado-Maior Conjunto do próprio COMAE. Na última semana, Barbacovi visitou a Casa de Governo, em Boa Vista, onde se reuniu com o diretor Nilton Tubino. Durante a visita, reafirmou o compromisso da Força Aérea com o monitoramento constante e o controle do espaço aéreo sobre a Terra Indígena Yanomami, em articulação conjunta das forças envolvidas na desintrusão.

A presença do E-99 é uma atividade extremamente importante de inteligência. É o único equipamento capaz de detectar aeronaves voando a baixa altura que escapam dos radares convencionais”, explica Barbacovi. Segundo ele, é com esse vetor que a Força Aérea consegue identificar rotas clandestinas e direcionar caças A-29 para interceptar, interrogar e, se necessário, obrigar o pouso de aeronaves suspeitas.

A-1A – Imagem: Força Aérea Brasileira

Pilotos suspeitos já foram identificados. Pistas de pouso estão sendo fiscalizadas e aeronaves apreendidas. A vigilância é permanente”, alerta Nilton Tubino, diretor da Casa de Governo.

Espaço aéreo — Em 2023, um decreto presidencial autorizou a criação da Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA 41), abrangendo o espaço aéreo sobre o território Yanomami. Desde então, apenas aeronaves previamente autorizadas podem operar naquela região.

Hoje, são 87 aeronaves autorizadas a voar na ZIDA 41. São helicópteros e aviões que apoiam diretamente as comunidades indígenas e as operações das forças de segurança, órgãos públicos e institutos de saúde”, detalha Barbacovi. “A principal missão da Força Aérea é garantir que essas aeronaves tenham segurança, impedindo que tráfegos ilícitos ou desconhecidos usem aquele espaço.

Na prática, a ZIDA 41 transformou o céu da TIY em um espaço de vigilância total. O E-99 comanda a operação, mas os drones RQ-900, os helicópteros H-60 Black Hawk, os caças de ataque leve A-29 Super Tucano, as aeronaves de reconhecimento RA-1 e os vetores de vigilância eletrônica R-99 formam um conjunto que permite identificar, seguir e desarticular a logística aérea do garimpo. A FAB atua com prontidão 24 horas por dia, decolando sob qualquer condição para garantir o cumprimento da lei.

RQ-900 – Imagem: Sargento Müller Marin/ CECOMSAER

Desmobilização – Desde o início da operação de desintrusão, já foram destruídas 55 pistas de pouso clandestinas, 27 aeronaves ilegais foram inutilizadas e outras 7 apreendidas. Mais de 1.235 aeronaves foram fiscalizadas. Essas ações representam o corte do “cordão umbilical” do garimpo ilegal: sem aviões, não há comida, combustível ou escoamento de minério.

Queda relevante do garimpo – Com o enfraquecimento da estrutura logística, os efeitos começam a ser visíveis também no solo. Dados do Governo Federal apontam que, em algumas regiões da TI Yanomami, a atividade garimpeira já apresenta redução de até 94% em comparação a 2022, ano em que o garimpo atingiu seu auge no território. A repressão aérea vem se consolidando como uma das frentes mais eficazes no desmonte da cadeia ilegal.

As operações somam mais de 5.300 ações diretas contra a atividade garimpeira, com prejuízo estimado em R$ 377 milhões às organizações criminosas, segundo balanço da Casa de Governo. Em solo, acampamentos foram desmontados e balsas e motores destruídos.

H-60 Black Hawk

Vigilância no entorno da TI – Além do bloqueio aéreo dentro da TIY, a atuação coordenada do Governo Federal também tem avançado sobre a logística fora do território. No início deste mês, a Polícia Federal deflagrou uma operação para investigar pilotos suspeitos de transportar combustível de aviação para abastecer garimpos ilegais dentro da TI Yanomami. A ação ocorreu em Boa Vista e em outras localidades do estado de Roraima, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão.

Segundo as investigações, os pilotos atuavam como elo estratégico entre fornecedores de insumos e operadores de garimpo na floresta, usando pistas não homologadas e voos irregulares. A operação teve como objetivo desarticular esses corredores logísticos que, mesmo fora da TI Yanomami, são fundamentais para manter o funcionamento da atividade criminosa. Dessa forma, o cerco aéreo não se limita ao espaço sobre o território indígena, mas avança sobre toda a cadeia que sustenta o garimpo.

R-99 – Imagem: Força Aérea Brasileira

O que está acontecendo na Terra Indígena Yanomami é uma ação do Estado necessária, e a Força Aérea se faz presente”, afirma Barbacovi. “Estamos empregando os melhores equipamentos para voar de dia e de noite, em defesa da segurança dos brasileiros indígenas que vivem naquele território. A FAB precisa e deve estar onde o Brasil precisar. Temos certeza de que nossas ações conjuntas continuarão a atingir excelentes resultados em prol da extinção do garimpo ilegal”, acrescenta.

Informações da Casa Civil

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Juliano Gianotto
Com uma paixão pelo mundo aeronáutico, especialmente pela aviação militar, atua no ramo da fotografia profissional há 8 anos. Realizou diversos trabalhos para as Forças Armadas e na cobertura de eventos aéreos, contribuindo para a documentação e promoção desse campo.