
Jorge Ester, comandante de Airbus A330, contou sua história e suas experiências na aviação, ao ter pilotado por algum tempo os aviões Boeing 727 e 747 na companhia aérea espanhola Iberia até a empresa se tornar uma operadora exclusiva de jatos da Airbus. Veja a seguir o interessante relato do piloto que agora já está há nada menos do que 17 anos voando os equipamentos de fabricação europeia.
Por Jorge Ester, comandante na Iberia
Toda a aviação que aprendi no planador, nas ultraleves e na ENA (Escola Nacional de Aeronáutica de Salamanca) foi uma aviação tradicional, com horas e horas em simuladores, milhares de páginas de manuais, controles de voo por roldanas e instrumentos analógicos, onde o piloto era o verdadeiro protagonista.
A segurança de voo dependia de sua expertise, experiência, treinamento e habilidade aos comandos dos manches.
Depois de ar por Salamanca e alguns voos de carga e ambulância aérea, ingressei na Iberia em 1991 como co-piloto da frota de Boeing B727 e, posteriormente, fui para o mítico “Jumbo” Boeing 747, aquele colosso da aviação, objeto de desejo de qualquer piloto e, naquele momento, com um cockpit muito complexo.

Naquela época, os três maiores fabricantes de aeronaves, Airbus, Boeing e McDonnell Douglas, coexistiam na Iberia, até que em 2009 a frota da companhia ou a ser inteiramente composta por aeronaves Airbus. Posso imaginar o complexo processo de testar juntos – engenheiros e pilotos da Airbus – os novos modelos da fabricante europeia para levá-los ao limite, nas condições mais adversas, de forma a transformar essas máquinas nas mais confiáveis e eficientes do mercado.
A capacidade de voo das novas aeronaves Airbus e sua confiabilidade eram, do ponto de vista da engenharia aeronáutica, verdadeiramente brutais. O piloto, como último responsável pelas pessoas que transporta a bordo, ou a contar com o respaldo da enorme capacidade tecnológica deste fabricante.
A aeronave Airbus não só voa extraordinariamente bem, mas também, sendo controlada por computadores, tem seu sistema operacional cujo alerta para qualquer eventual incidente é imediato, o que nos permite aplicar protocolos de resposta rigorosos com agilidade e eficiência. Como dizia o piloto e jornalista José Antonio Silva, que irei muito: “Na aviação, quase nunca é concedido ao piloto tempo para pensar. Na aviação, o instante decisivo pode durar apenas segundos”.
No meu caso, minha primeira experiência com o Airbus foi como comandante do A320. Eu era um “menino Boeing”, já pilotava esse tipo de aeronave há 12 anos, e a agem da Boeing para a Airbus, pessoalmente, foi um verdadeiro “choque”, um salto para um novo tipo de aviação e uma forma diferente de viver e desfrutar da minha profissão. Por exemplo, agora tudo era controlado pelo “fly by wire”, um sistema que substituiria para sempre o controle manual de voo, e quando me sentei na cabine e me virei…o mecânico não se sentava mais atrás!
Profissionalmente, posso dizer que cresci com a Airbus assim como a frota na Iberia, pois, além de voar todos os modelos de curto e médio alcance (A319, A320 e A321), em 2014 subi para o A340 e, por 5 anos, sou comandante do A330. Precisamente, a vantagem competitiva da Airbus consistia em colocar-se na vanguarda tecnológica e utilizá-la, como preconiza Jean Roeder, para conseguir uma família de aviões com comportamento semelhante em voo e em manutenção e semelhante na pilotagem.

A nossa relação histórica com a Airbus continua e acabamos de celebrar o 40º aniversário da incorporação do primeiro A300 na Iberia em 1981. No que diz respeito às aeronaves de última geração, em 2018 começamos a incorporar na frota de longo alcance o moderno A350 e esperamos em 2023 o próximo estrela da fabricante sa, o A321XLR.
Confio e desejo ter a oportunidade de voar os dois aviões, espero ter a oportunidade de fazê-lo!
É sempre um desafio de adaptação a novas mudanças. Teremos que continuar evoluindo, percebendo que a proeza da aviação continua inacabada. Estamos empenhados nisso, para que a nossa imaginação nunca pare de voar e o espírito do aviador nunca desapareça.
Informações da Iberia