Parte do Boeing 777 da Malaysia Airlines, que transportava 298 pessoas no voo MH17 e foi abatido em 2014 por um míssil em altitude de cruzeiro, foi reconstituída, dando aos investigadores uma visão clara de como a grande aeronave foi abatida.

O Boeing 777, com 6 metros de largura e mais de 60 metros de comprimento, foi abatido por uma ogiva em julho de 2014 enquanto sobrevoava a Ucrânia, matando todas as 298 pessoas a bordo.
Como tudo aconteceu
O MH17 se afastou do portão G3 no aeroporto Schiphol, em Amsterdã (Holanda) às 12h31, horário local. Decolou e voou para o Leste sobre a Alemanha e a Polônia, fazendo um ajuste de curso sobre a Ucrânia para evitar possíveis tempestades.
O Boeing 777 estava há quase três horas no ar em uma rota de 12 horas, a caminho de Kuala Lumpur, quando uma ogiva de míssil explodiu a poucos metros da cabine.

O avião atravessava uma área que estava no meio de uma guerra iniciada por rebeldes ucranianos e seus apoiadores russos.
A Rússia anexou para si a Crimeia, que fazia parte da Ucrânia, no início de 2014. Em seguida, separatistas fornecidos por Moscou tomaram a área leste da Ucrânia ao longo da fronteira com a Rússia. Foi o começo de um conflito sangrento que deixou mais de 13000 mortos.
A Ucrânia tinha superioridade aérea e usou-a para impedir o avanço dos rebeldes, até que a Rússia começou a fornecer aos rebeldes mísseis antiaéreos. Nos dias que antecederam o fim do MH17, dois aviões militares ucranianos foram abatidos na área.
A Ucrânia fechou o espaço aéreo para o tráfego civil abaixo de 32000 pés, mas, apesar disso, no dia em que o voo 17 entrou no espaço aéreo, 160 aviões cruzaram o teto do voo no Leste da Ucrânia.
Estava nublado e as últimas palavras ouvidas da tripulação vieram quando o voo 17, a 33000 pés, respondeu à orientação de um controlador de voo ucraniano para seu próximo ponto da rota.
O controle de voo ucraniano tentou novo contato com o Boeing 777 por outras quatro vezes nos dois minutos seguintes, mas o MH17 já havia desaparecido do radar e estava caindo e desintegrando-se através das nuvens.
Reconstrução e descobertas

Os investigadores reconstruíram boa parte da seção frontal do avião da Malaysia em um hangar holandês, a partir dos 8000 fragmentos recuperados do local do acidente.
Segundo o 60 minutes, a reconstrução revelou que a ogiva detonou três metros à esquerda do para-brisa do comandante Eugene Choo, projetando cerca de 800 pedaços de estilhaços, cada um do tamanho de uma bala. O Conselho de Segurança da Holanda diz que a maior densidade de furos localiza-se na janela do piloto.
Estilhaços rasgaram a cabine de pilotagem e saíram do outro lado, com tal força e violência que ela foi arrancada do resto do avião, que voou mais um minuto e meio, deixando destroços espalhados por uma grande área em solo.
Os ageiros foram atingidos pela descompressão explosiva e por um vento de 800 quilômetros por hora a 40 graus abaixo de zero. Apenas um ageiro foi encontrado usando máscara de oxigênio.
“Conseguimos identificar, das 298 vítimas, 296. Então, para duas pessoas, não encontramos restos”, disse Fred Westerbeke, promotor-chefe que investiga a tragédia.
Ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque, e 350 investigadores de cinco países estão há quase seis anos trabalhando para descobrir os detalhes de tudo que aconteceu.