
A Boeing retirou 38 pedidos do 777X de sua carteira ativa, transferindo-os para uma categoria contábil que indica incerteza sobre sua concretização. Esse ajuste reflete os desafios enfrentados pelo programa do 777X, que sofreu múltiplos atrasos no desenvolvimento e na certificação, além da demanda variável no segmento de aviões de fuselagem larga.
Segundo os últimos dados financeiros publicados pela Boeing, a empresa realizou essa reclassificação nas últimas semanas, o que significa que esses pedidos ainda não foram oficialmente cancelados, mas seu cumprimento é incerto devido a fatores comerciais, regulatórios ou financeiros, como informa o portal parceiro Aviacionline.
O 777X, promovido como o maior avião bimotor do mundo, foi projetado para substituir as versões mais antigas do Boeing 777 e competir com o Airbus A350-1000. No entanto, seu desenvolvimento tem sido marcado por problemas técnicos, atrasos na certificação e uma redução na demanda por aviões de grande capacidade.
O programa foi lançado em 2013, com a promessa de entregar o primeiro avião em 2020. Porém, a crise do 737 MAX, a pandemia de COVID-19 e problemas com a certificação da FAA levaram a múltiplos atrasos, adiando a primeira entrega para 2026.
Um dos principais problemas no desenvolvimento do 777X tem sido seu motor GE9X, fabricado pela General Electric. Ele é o maior motor turbofan do mundo, mas enfrentou desafios em testes de durabilidade e eficiência. Além disso, as autoridades regulatórias impam requisitos mais rígidos, o que desacelerou o processo de certificação da aeronave.
Embora a Boeing não tenha revelado quais companhias aéreas estão por trás dos 38 pedidos reclassificados, algumas das principais operadoras com pedidos do 777X incluem:
Emirates (115 pedidos) – Maior cliente do modelo, mas expressou frustração com os atrasos.
Qatar Airways (74 pedidos) – Demonstra interesse em continuar no programa, mas com expectativas mais cautelosas.
Lufthansa (27 pedidos) – Uma das companhias mais comprometidas com o 777X, mas pode revisar seu pedido.
Singapore Airlines (31 pedidos) – Ainda não indicou mudanças, mas segue avaliando suas opções.
Algumas companhias aéreas, como Cathay Pacific e Etihad Airways, reduziram seus pedidos ou pausaram seus planos de receber o 777X, refletindo uma tendência na indústria de evitar compromissos com aeronaves de grande capacidade devido à lenta recuperação do tráfego internacional pós-pandemia.
Boeing enfrenta perdas bilionárias no desenvolvimento do 777X
O programa 777X tem sido um grande peso financeiro para a Boeing. Em seu último relatório financeiro, a empresa registrou um prejuízo operacional de $ 3,77 bilhões de dólares, parte do qual está relacionado aos custos do programa.
Além disso, a empresa enfrenta desafios em seu fluxo de caixa, já que não pode receber os pagamentos finais pelas aeronaves até que sejam certificadas e entregues. Esse atraso tem gerado preocupações entre investidores e clientes, que observam os custos do programa aumentarem sem uma previsão clara de recuperação.
Apesar dos contratempos, a Boeing segue comprometida com o programa e espera que o 777X entre em operação em 2026. No entanto, a indústria ou por mudanças nos últimos anos:
As companhias aéreas estão priorizando aeronaves mais flexíveis e eficientes no consumo de combustível, como o Boeing 787 e o Airbus A350.
A demanda por aviões de grande capacidade continua incerta, especialmente em mercados onde o tráfego de longa distância ainda não se recuperou totalmente.
Emirates, o maior cliente do 777X, exigiu garantias sobre a estabilidade do programa, enquanto considera opções com a Airbus.