
A Boeing afirmou que um volume maior de pedidos de aeronaves da Índia é essencial antes que a empresa considere a instalação de uma Linha de Montagem Final (FAL) no país, o que pode impactar as expectativas do governo indiano sobre a produção local de aviões da fabricante norte-americana.
Em entrevista à Reuters durante a Aero India, em Bengaluru, Salil Gupte, presidente da Boeing na Índia e no Sul da Ásia, comentou a situação: “Para justificar uma fábrica de montagem final em qualquer região, o volume de aeronaves deve ser muito maior do que o que o mercado indiano exige atualmente.”
Apesar de reiterar o “forte compromisso” da Boeing com o setor aeroespacial indiano, Gupte lembrou que a empresa já havia proposto a montagem de aeronaves de defesa, como os caças F/A-18, no país.
No entanto, ele destacou que a escala necessária para a produção de aeronaves comerciais é significativamente maior, exigindo um mercado regional mais robusto para justificar o investimento.
O primeiro-ministro Narendra Modi havia declarado no ano ado que a Índia logo teria jatos Boeing projetados e fabricados localmente. Adicionalmente, o Ministro da Aviação Civil afirmou em 2023 que tanto a Boeing quanto a Airbus deveriam estabelecer operações de produção na Índia.
Atualmente, as companhias aéreas indianas, incluindo a Air India e a IndiGo, possuem pedidos de cerca de 1.800 aeronaves de fabricantes globais e deverão receber 130 dessas aeronaves ainda neste ano, conforme dados da Cirium.
A Boeing prevê que, nas próximas duas décadas, as companhias aéreas da Índia e do Sul da Ásia adicionarão 2.835 aeronaves comerciais às suas frotas, quadruplicando o número atual.
Gupte ressaltou que a montagem final representa menos de 10% do valor total de uma aeronave, e que a maior rentabilidade está nas demais etapas da cadeia produtiva. A Boeing já investe na Índia com uma compra anual de produtos e serviços que soma US$ 1,25 bilhão, envolvendo mais de 300 fornecedores no país e empregando cerca de 7.000 pessoas.
Através de sua t venture com o Tata Group, a Boeing participa da fabricação de fuselagens de helicópteros AH-64 Apache e de estruturas de aletas verticais para aeronaves 737.
Para fortalecer a cadeia de suprimentos aeroespacial na Índia, Gupte observou que é imprescindível que o governo ofereça incentivos aos fornecedores para reduzir os custos de capital. Ele mencionou que as conversas com o Ministério da Aviação Civil têm sido “francas”, com a disposição das autoridades em progredir nas discussões junto a outras agências.