
O interminável processo dos slots da Avianca Brasil continua gerando um gasto de energia gigantesco de todos os players do mercado, enquanto isso ex-funcionários e consumidores sambam nessa roda de indecisão.
Em uma reunião na data de hoje (25) a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) ratificou que os 41 slots da Avianca Brasil devem ser mesmo de novos entrantes. Teoricamente, novos entrantes seriam empresas com até 5 slots em um aeroporto, conforme estabelece a regra atual. Teoricamente.
Já prevendo que o jogo pudesse terminar no zero a zero depois de muita catimba, a ANAC resolveu mudar a regra no intervalo. Como dona da bola, ela cancelou o segundo tempo e decretou que o jogo seria definido nos pênaltis, mas que a Azul teria direito de batê-los sem goleiro.
Isso por que a agência decidiu redefinir o conceito de novo entrante. Agora, ao invés de 5 slots a nova entrante é aquela empresa que tem menos do que 54 slots!
Na prática, isso continua deixando de fora da disputa a Latam e a Gol, que já tem 236 e 234 slots em Congonhas, respetivamente. Mas essas já estariam fora de qualquer forma.
O que ocorre é que a nova regra recoloca a Azul no jogo, já que ela tem 26 slots atualmente – se fosse pela regra dos 5 slots a Azul estaria fora.
A ANAC disse que a medida busca recompor o hiato deixado pela Avianca e aumentar a competição. Na realidade, na aviação brasileira da atualidade, apenas a Azul teria condição de ficar os slots para e concorrer com Latam e Gol. Então, no fim, a ANAC está praticamente entregando os slots (ou uma boa parte deles) para a Azul.
O processo de distribuição dos slots será divulgado na próxima semana e vale até 28 de março de 2020. Para mantê-los, a empresa deve manter 90% de regularidade nas rotas e podem perder os slots em caso de descumprimento.
Caso todos os slots fiquem com a Azul, a empresa ainda estará longe da LATAM e GOL: serão 67 slots na aérea fundada por David Neeleman. A aérea divulgou nota hoje sobre o assunto:
Em meio ao anúncio da redistribuição dos slots que não vêm sendo utilizados em Congonhas desde o encerramento das operações da Avianca Brasil no aeroporto, a Azul aplaude a decisão da agência reguladora mas alerta para o fato de que, sem providências adicionais, será inevitável a fragmentação dos voos entre várias empresas entrantes em Congonhas, subaproveitando a oferta de assentos e a receita da istração aeroportuária.
A empresa acredita que a abertura do aeroporto da capital paulista a uma série de novos entrantes aumenta o número de empresas presentes em Congonhas mas não acirra a competição. Operar slots em Congonhas com aeronaves menores e, consequentemente, com poucos assentos, representa um uso ineficiente desses valiosos recursos públicos, impedindo a entrada efetiva de qualquer novo concorrente na ponte aérea Congonhas-Rio e Congonhas-Brasília.
Preocupada com o uso eficiente da infraestrutura do terminal e também com a ampliação da oferta ao consumidor, a empresa reafirma sua confiança de que os órgãos reguladores darão novos os na direção de aumentar a competição e viabilizar uma real concorrência, especialmente nas pontes aéreas.