
A Air Botswana desmentiu categoricamente as alegações feitas pelo jornal Botswana Guardian, que, em reportagem publicada em 6 de setembro, afirmou que a companhia aérea estatal havia sido enganada por um corretor e teria pago US$22,5 milhões por uma aeronave não operacional. A matéria também insinuava que serviços de segurança do país teriam influenciado indevidamente a aquisição.
Em uma declaração, a companhia, seu conselho e o governo acionista esclareceram pontos cruciais sobre a situação. A Air Botswana destacou que seguiu rigorosamente a Lei de Licitações Públicas de 2021 ao adquirir três aeronaves Embraer: um E175, que chegou em 28 de agosto e que começará a operar assim que a formação da tripulação for concluída, e dois ERJ-145, cuja entrega ainda está pendente.
A companhia assegurou que o E175 foi devidamente certificado como aeronavegável. “Todas as alegações que negam sua aeronavegabilidade e sugerem que não é seguro voar são, portanto, mentiras maliciosas que devem ser ignoradas”, afirmaram.
Além disso, a companhia negou veementemente que qualquer pagamento tenha sido feito a um agente terceiro que teria fugido com o dinheiro. Os pagamentos pelas aeronaves, segundo a Air Botswana, foram feitos diretamente pelo governo, conforme o devido. “Nenhum recurso fornecido pelos cofres públicos para este exercício ficou sem contabilização”, destacou a empresa, esclarecendo que os fundos são liberados para a companhia apenas quando os pagamentos a terceiros se tornam devidos.
A Air Botswana também refutou as alegações de influência indevida por parte de Peter Magosi, o diretor-geral da Direção de Inteligência e Segurança (DIS) do país. “Nenhuma influência foi recebida ou solicitada“, declarou a companhia. A empresa rejeitou afirmações de que Magosi teria influenciado a compra de aeronaves e negou que seus executivos, Ratsebotsa e Moyombuya, tivessem sido detidos ou confessado ter recebido recomendações do diretor da DIS.
De acordo com o Botswana Guardian, Magosi teria persuadido Ratsebotsa a utilizar um corretor americano não identificado para adquirir as aeronaves, caracterizando a transação como fraudulenta, uma vez que o corretor supostamente desapareceu. Também foi alegado que ele influenciou a compra de outra aeronave US$ 18,8 milhões da Holanda. As transações geraram suspeitas entre os subordinados de Magosi na DIS, resultando na prisão e suspensão de funcionários em março de 2024.
Em relação ao novo E175 adquirido, relatórios afirmaram que a aeronave estava “vazando óleo” e apresentava “vibrações severas no motor” durante sua estadia no Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, em Nairobi, entre 24 e 28 de agosto.
A reportagem alegou que a Air Botswana havia mantido a Autoridade de Aviação Civil de Botswana (CAAB) “no escuro” sobre a condição da aeronave e que um “piloto júnior” havia inspecionado o avião, enquanto engenheiros experientes foram “desconsiderados”.
Em contrapartida, Ratsebotsa afirmou à publicação The Business Weekly que o preço de compra do E175 foi de US$ 9,5 milhões, reafirmando que o processo de aquisição foi conduzido internamente, sem a utilização de agentes. “Portanto, não houve fundos que ‘desapareceram’ e qualquer afirmação nesse sentido é infundada e sem fundamento”, afirmou.
Sobre o processo de reestruturação da frota, a Air Botswana revisou propostas, inspecionou registros e aeronaves, e fez pagamentos apenas após a entrega. Todos os depósitos ou pagamentos antecipados foram mantidos em conta escrow até que toda a documentação de entrega e verificações fossem concluídas.
Ratsebotsa também ressaltou que o E175 adquirido foi certificado pela CAAB e transportado da Holanda para Botswana com várias escalas, todas inspecionadas por engenheiros da Air Botswana.