
A Colômbia decidiu adquirir caças JAS-39 Gripen NG, fabricados pela empresa sueca SAAB, para substituir sua frota envelhecida de aviões Kfir, de acordo com informações da emissora pública sueca SR Ekot, que citou fontes anônimas.
A notícia, que rapidamente repercutiu pela agência de notícias Reuters, ocorre em meio aos esforços da Saab para expandir as vendas do caça Gripen E/F na América Latina, como afirma o portal parceiro WebInfoMil, da Colômbia.
A SAAB havia anunciado no início deste ano que avaliava potenciais vendas para Colômbia e Peru, enquanto se prepara para iniciar a produção do modelo em parceria com a Embraer no Brasil. O presidente colombiano, Gustavo Petro, viajou à Suécia em junho para negociar a aquisição desses aviões de combate de última geração. A substituição dos caças israeleses IAI Kfir, derivados dos ses Mirage V, que enfrentam crescentes dificuldades operacionais, já era prioridade para a Força Aérea Colombiana, conforme ressaltou o comandante da instituição, General Luis Córdoba Avendaño.
“Como foi uma instrução permanente do Presidente, buscamos fortalecer a segurança e defesa do país. Diante do desgaste da frota Kfir, estamos explorando todas as possibilidades para um estudo completo e a análise das melhores opções de substituição”, explicou o oficial.
A decisão de compra acontece em um momento delicado para o governo Petro, que enfrenta uma grave crise fiscal. Para contornar o déficit gerado pela queda na arrecadação, o governo planeja cortar cerca de 20 trilhões de pesos do orçamento nacional, medida que pode impactar projetos de investimento social para 2025.
O Ministro da Fazenda, Ricardo Bonilla, recentemente expôs a situação fiscal ao afirmar que “identificamos um problema de arrecadação e não alcançaremos a meta do ano”. Segundo Bonilla, uma decisão da Corte Constitucional de não permitir a dedutibilidade das royalties nas declarações de imposto de renda também agravou o déficit. “Estamos analisando as áreas onde o corte será necessário, mas a ideia inicial é preservar programas sociais e de governo”, afirmou.
Além disso, a agência de classificação de risco Moody’s alertou que o déficit fiscal da Colômbia deve ultraar 5% do PIB em 2023. Um estudo do Banco de Bogotá apontou que, para cumprir a Regra Fiscal, o governo precisará de um ajuste de 48 trilhões de pesos, muito além do corte planejado de 20 trilhões.
A compra dos caças Gripen, portanto, surge como uma decisão estratégica em meio a desafios financeiros, ressaltando a prioridade do governo colombiano em reforçar a defesa nacional, mesmo diante da crise econômica.
Vale lembrar que outro ponto crucial para a compra é o fato de que Colômbia e Israel cortaram relações diplomáticas após Petro acusar o país judeu de genocídio. Com isso, os caças Kfir não estão mais com e técnico e podem parar de voar em breve.
Isto também deverá impactar a própria venda do Gripen NG, já que os seus aviônicos são feitos pela AEL Sistemas, uma empresa brasileira subsidiária da isrealense Elbit Systems. Inicialmente, apenas os caças da FAB teriam este novo cockpit de tela única (WAD), mas os suecos também decidiram adotar esta tecnologia, que se tornou padrão no Gripen. Os caças colombianos podem eventualmente vir com a disposição de três telas da geração antiga, o JAS-39C/D.